Descrição

LIVRO USADO EM BOAS CONDIÇÕES. 175 páginas.

O livro apresenta a vida de Bruno Stein, que é fortemente marcada pelo puritanismo religioso. Mas suas convicções são abaladas por uma paixão arrebatadora e pelas transformações socioeconômica da região onde vive.

O gaúcho Charles Kiefer é um desses narradores vulcânicos, que encantam os leitores pela força vertiginosa do seu texto. Eu o conheci ainda menino, quando ele procurava editora para seus primeiros originais. Acordava em Kiefer o romancista, mas não queriam publicá-lo, como é de praxe acontecer com quem estréia, cuja via-crúcis é pontilhada de muito mais do que quinze estações. Há poucas Verônicas e Simões Cirineus pelo caminho. E certamente são inumeráveis os Pilatos que se omitem no julgamento indispensável. Às vezes multiplicam-se até os Judas, que sabem trair na hora certa e precisa (aquela em que o autor está sofrendo mais). Todavia, se para tudo há um tempo, houve o tempo de Charles Kiefer estrear. E veio Caminhando na Chuva, oficialmente seu primeiro livro, publicado em 1982. Os reconhecimentos recebidos ao longo desses anos em que está à beira de celebrar bodas de prata com a sua grande paixão, a literatura, indicam que completou a tríade indispensável à existência de um escritor: autor, obra e público. Está estabelecido na praça e já entrou para o cânone. Qualquer história de nossas letras que o ignore terá falha grave. Ele escreveu muitos outros livros, sendo este uma de suas referências solares. É preciso dizer mais: a paixão do oleiro Bruno pela nora Valéria tem tessitura de música, não apenas no título. Na refinada história de amor que sua prodigiosa imaginação inventou, a noite exala mais do que os cheiros rurais característicos. O delicado erotismo da mulher contrasta com o latido dos cães que, no meio da noite, guardam a casa. Quem, porém, é guardião de seu desejo e do desarrumado coração que quer amar o sogro? Como sempre, a mulher conduz a paixão com renovadas astúcias, muitas das quais inconscientes. Esquecidos os lugares que a organização social delimitou para controlar a força, entretanto incoercível, do amor, já não importa quem é nora, quem é sogro nesta história. Se cunhado não é parente, por que eles o serão? Todo bom romance é repleto de sutis complexidades. É o caso de Valsa para Bruno Stein. Charles Kiefer permite que o leitor, lendo, escreva a história que ele criou. E lavas incandescentes escorrem por todas as páginas antes que a paixão morra nas cinzas ou ali renasça.